Ellen Oléria, PERFEITA!
Por Bruna Vasquez*
Para criticar a sociedade injusta, racista e homofóbica, para se empoderar enquanto mulher negra, para curtir uma fossa porque tomou um fora ou para dançar até ficar sem fôlego. Ellen Oléria é sempre uma boa pedida.
A
melhor definição para cantora brasileira Ellen Oléria é: IMPECÁVEL. A cantora e
compositora, natural de Brasília (DF) não pode ser classificada facilmente em
nenhuma categoria da música brasileira porque ela vai do samba ao rap, da
música romantiquinha ao forró e ao samba rock em um piscar de olhos. Formada em
Artes Cênicas, ela tem 5 discos de uma qualidade indiscutível. É impossível
desviar os olhos dela quando está em um palco, a sua presença é cativante,
mágica.
Selecionei
aqui umas preciosidades dela para quem se dispuser a conhecer. Porque quando o
assunto é música boa, o esquema é dar o play. Vale a pena demais!
TESTANDO
Primeira música que eu escutei dela, mescla crítica
ao racismo com autobiografia.
Ahn, ei, ei, alô, som, som, ahn, ahn,
ahn, ei, somAh, ah, teste, ei, um, dois, ahn, ahn, ahn, ahn, ahn
Alô,
alô som, teste, um, dois, três, ahn, ahn
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, ahn, ahn
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, ahn, ahn
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Eu,
eu não domino a esgrima, mas minha palavra
A minha palavra, a minha palavra é afiada e contamina
Minha ginga, meu jeito, minha voz que vem do gueto
Minha raça, minha cara, tua cara a tapa, o meu cabelo crespo
A minha palavra, a minha palavra é afiada e contamina
Minha ginga, meu jeito, minha voz que vem do gueto
Minha raça, minha cara, tua cara a tapa, o meu cabelo crespo
Não
ponho na chapa
Aguenta a minha marra
Teu cartão não me paga
Minha ancestralidade no peito
Eu não tô te vendendo, ah
Aguenta a minha marra
Teu cartão não me paga
Minha ancestralidade no peito
Eu não tô te vendendo, ah
Quem
batize minha postura pura malandragem
Mas minha superação foi com muita dificuldade
Não é contando por contar, não é por vaidade
Mas peito pra encarar a vida louca com coragem
Mas minha superação foi com muita dificuldade
Não é contando por contar, não é por vaidade
Mas peito pra encarar a vida louca com coragem
Não
é pra qualquer um, minha mãe é minha testemunha
O preço, o zelo, o descontentamento
Muita frustração, sem inspiração, sem passe e sem pão
Éh, mãe não se preocupa eu dou meu pulinhos, eu dou meu jeito
O preço, o zelo, o descontentamento
Muita frustração, sem inspiração, sem passe e sem pão
Éh, mãe não se preocupa eu dou meu pulinhos, eu dou meu jeito
Eu
sempre me virei e é claro eu precisei de ajuda
Conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
Tem gente boa no mundo isso eu já sei
Também vi o lado violento dos que não temem a lei
Conhece a carne fraca? eu sou do tipo carne dura
Tem gente boa no mundo isso eu já sei
Também vi o lado violento dos que não temem a lei
Tanto
faz lei divina, tanto faz lei dos homi
Não importa por roupa chique ou dar seu sobrenome
A mulherada já sabe o cotidiano da rua
Anoiteceu sozinha cê não tá segura
Não importa por roupa chique ou dar seu sobrenome
A mulherada já sabe o cotidiano da rua
Anoiteceu sozinha cê não tá segura
Alô,
alô som, teste, um, dois, três, an an, an
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, yeeeah
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, yeeeah
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Suor
e choro a noite é fria
Pra esses lances ninguém
Nunca está preparado
Depois de um dia duro
Meu corpo foi travado
Assalto a mão armada
Pra esses lances ninguém
Nunca está preparado
Depois de um dia duro
Meu corpo foi travado
Assalto a mão armada
Levaram
um violão
O microfone emprestado
Eu chorei, eu chorei
A bandidagem
Não acompanhou
A estereotipia
O microfone emprestado
Eu chorei, eu chorei
A bandidagem
Não acompanhou
A estereotipia
Eram
três garotos, tipo de uns 15 anos
Eu nunca vi na área esses garotos brancos
Duas meninas loiras com boné cor de rosa
Reescrevendo as linhas da conhecida história
Eu nunca vi na área esses garotos brancos
Duas meninas loiras com boné cor de rosa
Reescrevendo as linhas da conhecida história
Tudo
mundo conhece essa história
Eu já falei sobre isso também, ela é mais ou menos assim
Andando na rua de noite muita gente branca já fugiu de mim
A minha ameaça não carrega bala mas incomoda o meu vizinho
O imaginário dessa gente dita brasileira é torto
Eu já falei sobre isso também, ela é mais ou menos assim
Andando na rua de noite muita gente branca já fugiu de mim
A minha ameaça não carrega bala mas incomoda o meu vizinho
O imaginário dessa gente dita brasileira é torto
Gritam
pela minha pele, qual será o meu fim?
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Conhece a carne fraca? Eu sou do tipo carne dura
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Conhece a carne fraca? Eu sou do tipo carne dura
Alô,
alô som, teste, um, dois, três, an an
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, yeeeah
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Alô, alô som, teste, um, dois, três, yeeeah
Alô, alô som, teste, um, dois, três, testando
Tá
ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom, Tá ficando bom
Tá ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom, Tá ficando bom
Tá
ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom, Tá ficando bom
Tá ficando bom mas vai ficar melhor
Tá ficando bom, Tá ficando bom
Basalto
que emana dos meus poros
A minha consciência é pedra nesse instante
Basalto que emana dos meus poros
A minha consciência é pedra nesse instante
A minha consciência é pedra nesse instante
Basalto que emana dos meus poros
A minha consciência é pedra nesse instante
Basalto que emana
dos meus poros
A minha consciência é pedra nesse instante
Basalto que emana dos meus poros
A minha consc, consc consciência negra
A minha consciência é pedra nesse instante
Basalto que emana dos meus poros
A minha consc, consc consciência negra
NÃO-LUGAR
Aquela música linda e ótima pra curtir uma boa dor
de cotovelo.
SENZALA (FEIRA DA CEILÂNDIA)
Ellen Oléria canta sobre a Feira da Ceilândia,
centro comercial de Brasília. Mas, ela aproveita pra dar uma alfinetada no
ouvinte:
Mas o que você precisa mais na feira
não se pode encontrar:
Razão, consciência, senso, inteligência, uma cabeça pra pensar
Razão, consciência, senso, inteligência, uma cabeça pra pensar
ÁFRICA TÁTICA
Aqui a parceria é com o rapper Geniaval Oliveira
Gonçalves, mais conhecido como GOG, em uma composição genial que critica o
racismo e valoriza a ancestralidade africana:
Eu, mulher negra, pedra fundamental da
raça humana
Guardiã da consciência soberana, sou africana
Guardiã da consciência soberana, sou africana
ZUMBI
Ellen Oléria também faz covers incríveis de
artistas como Alceu Valença, Elis Regina e Lenine.
Aqui ela apresenta uma versão lindíssima para
música de Jorge Ben.
Ellen Oléria compõe, canta e toca maravilhosamente.
Ela tem 5 discos, então, esse artigo tem o objetivo
de exaltar seu incrível trabalho.
Segue o site oficial dela, de onde eu tirei algumas
informações. Acessem!
Bruna Vasquez é Cientista Social e Pedagoga. Gosta de Drag Music a Heavy Metal, de documentário a série absurda. Anda lendo o que tem na estante de casa e sua mais nova encanação são os estudos de gênero e feministas.
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